A rede urbana e as novas relações cidade-campo
A rede urbana descreve-se por um desequilíbrio na dimensão demográfica, na divisão espacial e nas funções oferecidas pelos centros urbanos. A imensa concentração da população e das actividades económicas nas grandes aglomerações leva a um congestionamento do espaço urbano que pode ser diminuída com o desenvolvimento das cidades de média dimensão, o que contribui para um maior equilíbrio da rede urbana.
Rede urbana
Conjunto das cidades e suas periferias, integradas num dado território, que estabelecem entre si relações de ordem hierárquica de dependência ou complementaridade.
1.1. A rede urbana nacional evidencia um forte desequilíbrio, já que apresenta:
Um grande número de cidades de pequena dimensão
Um número reduzido de cidades de dimensão média
Duas cidades de maior dimensão, mas com uma significativa diferença entre si: Lisboa com mais do dobro do número de habitantes de Porto.
1.2. A hierarquia das cidades portuguesas
As cidades, como espaços de interacção, de oferta de bens e serviços e de difusão de modos de vida, têm um papel fundamental na organização do território.
Áreas de influência
Áreas que a cidade influencia, fornecendo bens, serviços e emprego e atraindo a população. Estas podem considerar-se áreas complementares, já que também oferecem serviços bens e mão de obra à cidade.
Lugar Central
Uma cidade que oferece bens e serviços à sua área de influência, tendo capacidade de atrair população.
Bens Centrais
Produtos e serviços oferecidos por um lugar central e só podem ser adquiridos em determinados locais
Bens Vulgares
Produtos ou serviços de utilização frequente, que se encontram facilmente sem necessidade de deslocações significativas.
Bens Dispersos
Bens Dispersos – Produtos e serviços que são distribuídos à população, como a água e a electricidade.
Funções centrais
Actividades que fornecem bens centrais.
Bens raros
Produtos ou serviços de utilização pouco frequentes, que apenas se encontram em determinados lugares.
1.3. Desequilíbrios da rede urbana portuguesa
O acentuado desequilíbrio da rede urbana portuguesa evidencia-se:
¢ Pela dimensão dos centros urbanos – predomínio de pequenos núcleos urbanos, fraca representatividade das cidades de média dimensão e dois grandes centros urbanos: Lisboa e Porto;
¢ Pelo nível de funções – predomínio das funções de nível superior e das restantes funções urbanas nas principais áreas urbanas do Litoral, com destaque para Lisboa e Porto;
¢ Pela repartição geográfica – Forte concentração urbana no litoral, onde sobressaem as áreas metropolitanas;
1.4. As funções nas cidades
¢ Comercial
¢ Politico – administrativa
¢ Defensiva
¢ Industrial
¢ Financeira
¢ Religiosa
¢ Cultural
¢ Turística
Função comercial
É na cidade que desde sempre têm lugar as trocas comerciais. A actividade comercial é função urbana por excelência nas cidades.
Função político-administrativa
As capitais de distrito são um exemplo de cidades onde a função predominante é a administrativa.
Desde à muito tempo que as diferentes formas de pobreza asseguraram a gestão do território e da população em lugares de concentração humana onde desenvolvem a administração.
Função defensiva
Cidades cuja a origem esta relacionada com motivos defensivos.
Em Portugal, podemos citar, a título de exemplo cidades e vilas fronteiriças como Valença, Monção, Miranda do Douro, Pinhel, Almeida, Elvas,etc
Função industrial
As cidades onde predomina a função industrial são especializadas em determinadas actividades produtivas surgindo por exemplo cidades mineiras, cidades metalúrgicas, cidades têxteis.
Felgueiras calçado
Cortiça Santa Maria de Feira
Moldes oliveira de Azeméis
Função financeira
A função financeira consiste na centralização em cidades das actividades que movimentam grandes quantias de dinheiro como os seguros, as bolsas de valores e a banca como é o caso da cidade de Lisboa.
Função religiosa
São cidades desenvolvidas por factos relacionados com culto religioso.
É o exemplo de Fátima que atrai milhares de peregrinos por ser um local onde se verificaram aparições.
Função Turística
Situam-se normalmente no Litoral, por exemplo as cidades algarvias de Faro, Quarteira e Albufeira. Estão relacionadas com actividades turísticas e recreativas vocacionadas para o lazer ou para o descanso.
1.5. A estrutura da rede urbana
Em Portugal evidencia – se um polarização de dois centros urbanos. Lisboa e Porto, mostrando assim uma situação de aparente bicefalia.
1.6. Consequências do desequilíbrio da Rede Urbana
¢ A redução da capacidade de inserção das economias regionais na economia nacional
¢ A limitação nas relações de complementaridade entre os diferentes centros urbanos e, como tal, do dinamismo económico e social
¢ A limitação da competitividade nacional no contexto europeu e mundial, pela perda de sinergias que uma rede urbana equilibrada proporciona.
1.7. Medidas para equilibrar a rede urbana nacional:
¢ Potencializar as especificidades de cada região;
¢ Reforçar a complementaridade entre os diferentes centros urbanos;
¢ Facilitar a coordenação de acções ao nível da administração local;
¢ Permitir desenvolver cidades e sistemas urbanos do interior que funcionem como pólos regionais de desenvolvimento.